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Pacientes dizem que eram induzidas a pagar por procedimentos do SUS

Pacientes dizem que eram induzidas a pagar por procedimentos do SUS
Foto: Reprodução/RBS TV
  • 07/03/2017 - 19:49
Dois médicos foram presos pela Polícia Federal na segunda-feira (6), em Itaqui, na Fronteira Oeste, suspeitos de cobrarem de pacientes por cirurgias e outros procedimentos que já eram pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O esquema teria movimentado cerca de R$ 1,6 milhão no período de 13 anos. Mulheres relatam que eram induzidas a pagar por medo de alguma complicação.
“A gente fica com medo porque a gente depende da sorte. No momento que a gente cai lá dentro, e a gente não tem dinheiro, a gente fica com a sorte, com o coração na mão, com medo de algum tipo de complicação, porque sem dinheiro não tem a quem recorrer”, afirma a dona de casa Bruna Grohe, grávida de três meses, ao relatar o que passou há dois anos, durante o nascimento da filha Helena.
Uma outra vítima do esquema, Brenda Moreira conta que quando entrou em trabalho de parto foi induzida pelo médico a pagar R$ 1,4 mil por um procedimento que já era coberto pelo SUS. “Ele falou para a mãe que era pelo SUS, que não era para ela falar nada. Minha mãe perguntou se não era particular, e ele disse que era para a gente ficar quieta”, conta.
Uma paciente chegou a gravar, com ajuda da Polícia Federal, a conversa com o médico na qual ele cobrava pelo procedimento. Grávida de cinco meses, ela pede para fazer uma cesariana e esterilização conhecida como ligamento. (Veja o vídeo)
O Ministério da Saúde determina que a ligadura não deve ser feita junto com o parto, a não ser em casos extremos. No entanto, os médicos investigados faziam o procedimento e ainda cobravam das pacientes, apesar de tudo ser coberto pelo SUS. “Ninguém tá te pressionando. Se quiser fazer a cesárea com ligamento, aí eu vou te cobrar R$ 1,8 mil“, dizia o médico flagrado na gravação feita pela PF.
Conforme a delegada da Polícia Federal Ana Gabriela Becker Gomes, as pacientes que não tinham como pagar pelo procedimento, entravam em trabalho de parto por dias. “Se elas não tinham condições e dinheiro para pagar o médico, não era realizada a cesárea. Os médicos se negavam a realizar”, afirma.
Foram três anos de investigação que resultaram na prisão dos obstetras José Solano de Oliveira e Alfonso Aquim Vargas. Ambos devem responder pelos crimes de  corrupção, estelionato, realização de esterilização cirúrgica ilegal, crimes cujas penas podem chegar a 12 anos de prisão. Além deles um anestesista e uma secretária também foram indiciados pela polícia.
Os advogados dos dois médicos presos disseram que não vão se manifestar antes de ter acesso ao inquérito. Por meio de nota, a Associação Médica do Rio Grande do Sul ressaltou que condena a cobrança indevida de procedimentos pagos pelo SUS.
Postado Paulo Marques
Fonte: G1