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Polícia

Perícia aponta que jovem desaparecido após abordagem da BM estava submerso havia pelo menos cinco dias

Coletiva de imprensa foi realizada na tarde desta sexta-feira, na sede da Secretaria da Segurança Pública, em Porto Alegre

Perícia aponta que jovem desaparecido após abordagem da BM estava submerso havia pelo menos cinco dias
Coletiva de imprensa apresentou novidades do caso nesta sexta-feira - Jean Peixoto / Agencia RBS
  • 27/08/2022 - 07:13

Novos detalhes sobre a morte do jovem Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, foram divulgados na tarde desta sexta-feira (26), em coletiva de imprensa realizada na sede da Secretaria da Segurança Pública (SSP), em Porto Alegre. A diretora do Instituto-Geral de Perícias (IGP), Heloísa Helena Kuser, afirmou que os primeiros resultados dos exames periciais foram recebidos nesta tarde.

Segundo Heloísa, o exame perinecroscópico apontou que Gabriel estava submerso havia pelo menos cinco dias. O corpo dele foi encontrado em 19 de agosto, dentro de açude, na localidade de Lava Pé, em São Gabriel, na Fronteira Oeste. 

Ainda conforme a diretora do IGP, sangue e urina coletados apontaram teor alcoólico de 23,4 decigramas por litro no corpo de Gabriel, o que é considerado um valor alto. Mas a diretora do IGP destaca que isso pode ser resultado da decomposição do corpo.

— No processo de decomposição a ação bacteriana libera álcool no corpo. Temos um valor mas ainda não definida a origem, se foi ingerido ou não — explica Heloísa, destacando que o laudo da necropsia deve ficar pronto na próxima semana.

Os exames de psicotrópicos ilícitos — que detecta presença de drogas — e lícitos deram resultado negativo. 

Segundo a diretora do IGP, pelo menos quatro viaturas estão sendo analisadas para comparar material visível e invisível com o que foi encontrado na cena do crime. O laudo deve ficar pronto nas próximas semanas. Ela explica que o avançado estado de putrefação em que o corpo do jovem foi encontrado dificulta as análises, mas salienta que com a necropsia é possível detectar as causas da morte e se ele tinha ferimentos.

Além de Heloísa, participaram  da coletiva o secretário da Segurança Pública, Vanius Cesar Santarosa, o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Claudio dos Santos Feoli, e o subchefe da Polícia Civil, delegado Vladimir Urach. 

Os três policiais, que estão presos desde a última sexta-feira (19) por suspeita de envolvimento no caso, deverão depor novamente neste fim de semana. A expectativa é de que eles sejam ouvidos na manhã deste sábado (27) pela Polícia Civil e no domingo (28) pela Brigada Militar. 

Feoli relata que a Brigada Militar havia solicitado que os três policiais fossem ouvidos ainda nesta sexta-feira, mas um recurso impetrado pela defesa junto à Justiça Militar durante a madrugada barrou a realização da oitiva. No entanto, a decisão foi revertida nesta tarde, viabilizando que os depoimentos ocorram no domingo. 

— Nós não toleramos desvios de conduta. Todas as pessoas que trouxeram elementos estão sendo ouvidas — destacou o comandante-geral da BM. 

O delegado Vladimir Urach destacou que o trabalho de investigação vem sendo realizado de forma conjunta entre a Polícia Civil e a Brigada Militar. Ele também garantiu que deve ser realizada a reconstituição dos fatos nos próximos dias. Urach esclareceu ainda que o decreto da prisão preventiva dos investigados ocorreu porque havia elementos que embasassem a decisão. 

– Havia provas testemunhais que indicavam que os PMs foram até o local. A própria gravação demonstrou que houve uma agressão. E depois, teriam havido também agressões com instrumento contundente. Estamos aguardando ainda o laudo para ver se confirmamos isso ou não. Esses elementos todos, junto à autoria que foi confirmada, culminaram no decreto de prisão preventiva – explica.

Relembre o caso
Gabriel foi abordado no final da noite da sexta-feira (12), no bairro Independência, em São Gabriel, na Fronteira Oeste. Após ser levado na viatura pelos três PMs, não foi mais visto Uma semana depois, o corpo dele foi encontrado a dois quilômetros de onde ocorreu a abordagem.

Na ocorrência, os PMs haviam registrado que revistaram Gabriel e o liberaram. Com o sumiço, foram ouvidos em inquérito policial militar e admitiram ter levado Gabriel para a localidade Lava Pé. Alegando inocência, as defesas disseram que foi ele quem pediu para ser deixado naquele local, pois estaria procurando a casa de familiares.

Nesta terça-feira (23), a juíza Juliana Neves Capiotti, da Vara Criminal de São Gabriel, decretou a prisão preventiva do trio. Os policiais — os soldados Raul Veras Pedroso e Cléber Renato Ramos de Lima e o segundo-sargento Arleu Júnior Cardoso Jacobsen — estão presos desde a sexta-feira (19) por determinação da Justiça Militar. O decreto ocorreu em função de irregularidades na condução da ocorrência. 

Contraponto
GZH tenta contato com as defesas dos policiais presos. 

No início desta semana, antes do decreto de prisão preventiva a partir do inquérito policial que investiga o caso como homicídio, a advogada Vânia Barreto, que defende os dois soldados, negou que eles tenham agredido Gabriel e disse que eles o levaram para a localidade de Lava Pé a pedido dele, mas não o conduziram até o açude onde o corpo foi encontrado uma semana depois. 

Na mesma ocasião, os advogados Ivandro Bitencourt Feijó e Mauricio Adami Custódio, que defendem o segundo-sargento Arleu Júnior Cardoso Jacobsen, por meio de nota, também disseram que o cliente é inocente e manifestaram "indignação" com suposta "antecipação de culpa" do segundo-sargento, que, segundo eles, "não ostenta qualquer comportamento à margem da ética-policial militar ao longo de toda sua carreira" .

Postado por Paulo Marques

Fonte: GZH