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Clima

Janeiro de 2024 marca o oitavo mês consecutivo com recorde histórico de calor, diz observatório europeu

Planeta registrou 12 meses seguidos de temperatura 1,5ºC acima da era pré-industrial, apontam dados do Serviço Copernicus de Mudança Climática

Janeiro de 2024 marca o oitavo mês consecutivo com recorde histórico de calor, diz observatório europeu
Primeiro mês do ano é o mais quente já registrado globalmente. Roman Milert / stock.adobe.com
  • 08/02/2024 - 07:50

Janeiro de 2024 entrou para a história como o oitavo mês consecutivo de recordes de calor na Terra, anunciaram cientistas do Serviço Copernicus de Mudança Climática (C3S), nesta quinta-feira (8). Desde junho do ano passado, têm sido anotadas, mês a mês, temperaturas mais altas, levando os pesquisadores a confirmar que 2023 quebrou recordes como o ano mais quente de que se tem registro.

O primeiro mês do ano de 2024 também foi o janeiro mais quente já registrado globalmente, com temperatura média do ar de superfície de 13,14°C. Isso representa aumento de 0,12°C acima do recorde anterior, estabelecido em janeiro de 2020. A alta é ainda maior, de 0,70°C,   em relação à média de janeiro de 1991 a 2020.

Pela primeira vez na história, o mundo teve 12 meses consecutivos de temperaturas 1,5ºC acima da média da era pré-industrial, anunciou o observatório europeu do clima. De fevereiro de 2023 a janeiro de 2024, o planeta marcou nos termômetros temperatura média 1,52ºC superior à do período 1850 a 1900, algo que os cientistas consideram uma "advertência à humanidade".

Richard Betts, diretor de estudos sobre os impactos climáticos na agência nacional de meteorologia britânica, explica que "isto não significa que superamos a barreira +1,5ºC estabelecida em Paris em 2015", em um acordo para tentar conter as mudanças climáticas e suas consequências. Para este feito, seria necessário superar o limite de forma estável durante várias décadas, segundo Betts.

— Porém, esta é uma nova recordação das mudanças profundas que provocamos no clima mundial e às quais temos que nos adaptar agora — acrescentou o diretor.

— Este é um aviso brutal sobre a urgência das medidas que devem ser adotadas para limitar a mudança climática — destacou Brian Hoskins, diretor do Instituto Grantham sobre Mudanças Climáticas do Imperial College de Londres.

Johan Rockström, do Instituto de Potsdam de Pesquisas do Impacto do Clima, disse que "é um sinal muito importante e desastroso":

— Um alerta para dizer à humanidade que nos aproximamos mais rápido que o previsto do limite de 1,5 ºC.

A temperatura atual já está quase de 1,2ºC acima da média registrada entre 1850 a 1900. No atual ritmo de emissões, os especialistas da ONU calculam que existe uma probabilidade de 50% de atingir o limite de 1,5ºC no período 2030 a 2035.

O calor não se limitou ao continente sul-americano. Além de alguns episódios de frio e chuvas consideráveis em algumas partes do globo, o inverno boreal tem sido especialmente ameno no sul de França, Espanha ou em partes dos Estados Unidos, Canadá, África, Oriente Médio e Ásia.

Superaquecimento no oceano
A superfície dos oceanos também está está superaquecida, com novo recorde de temperatura média em janeiro, de 20,97ºC. Este é o segundo maior valor registrado, apenas 0,01ºC abaixo do recorde de agosto de 2023.

O ano de 2024 "começa com um novo mês de recorde", lamentou Samantha Burgess, vice-diretora do Copernicus:

— Uma redução rápida das emissões de gases do efeito estufa é o único meio de frear o aumento das temperaturas mundiais.

Em meados de janeiro, a Organização Meteorológica Mundial e a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos alertaram que 2024 pode bater com facilidade o recorde de calor do ano anterior.

Segundo a NOAA, há 33% de probabilidade de 2024 superar o recorde histórico e 99% de probabilidade de ficar entre os cinco anos mais quentes já registados.

O calor deve prosseguir depois de janeiro, segundo as previsões, apesar do início da redução do fenômeno climático "El Niño", o que deve resultar em uma queda das temperaturas no mar.

Postado por Paulo Marques

Fonte: GZH