A bancada do PDT, com 17 deputados, iniciou uma operação para tentar proteger o ministro Carlos Lupi, no Ministério da Previdência, pressionando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a não demití-lo. O partido ameaça deixar a base do governo se Lupi não for mantido. A movimentação acontece em meio ao escândalo sobre os descontos bilionários e irregulares nas contas de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e que pode virar alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados.
As fraudes foram reveladas no último dia 23, após uma operação deflagrada pela Polícia Federal, que colocou Lupi e o governo Lula no centro da crise. A suspeita é de que as fraudes possam chegar a R$ 6,5 bilhões entre 2019 e 2024. Elas teriam ocorrido por meio de descontos associativos, possivelmente feitos sem autorização dos aposentados e pensionistas.
A operação levou ao bloqueio de bens na ordem de R$ 1 bilhão de sindicatos e associações e o afastamento com posterior demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. Lupi, no entanto, chegou a defender a permanência do executivo, mas foi desautorizado pelo presidente Lula, que determinou a demissão no mesmo dia.
Desde então, o ministro da Previdência passou a ser alvo de pressão para que também pedisse demissão, como forma de reduzir a crise para o Palácio do Planalto. Ele compareceu nesta terça-feira na Comissão de Previdência da Câmara, onde foi pressionado pela oposição a pedir demissão. "A única coisa que poderia acontecer se esse país fosse mais sério é a demissão ou o pedido de demissão do ministro Carlos Lupi", disse o deputado Marcel Van Hatten, líder do Novo na Câmara.
A audiência teve bate-boca entre governistas e opositores. Lupi se defendeu e disse que agora é favorável a uma mudança de lei para que sindicatos e associações não possam mais receber contribuições de aposentados descontadas diretamente da folha de pagamento do INSS.
Lula chegou a se reunir com outros ministros do núcleo político ao longo dos últimos dias para discutir também sobre a permanência e situação de Lupi no governo.
Aos seus interlocutores, o petista tem sinalizado que vai bancar o ministro neste primeiro momento, pois as investigações ainda não teriam revelado nada concreto especificamente contra o ministro. Assessores do Planalto ressaltam ainda que não há investigação formal contra Lupi e que Lula deve ter uma nova conversa o chefe da pasta da Previdência Social nos próximos dias.
As informações são do jornal Gazeta do Povo.