A passagem de um ciclone extratropical provocou mortes e estragos no Rio Grande do Sul. A área geográfica atingida pelo fenõmeno meteorológico durante a madrugada desta sexta-feira (16/06) compreende o Litoral Norte, a Serra, o Vale do Caí, o Vale do Paranhana, o Vale dos Sinos e a Região Metropolitana de Porto Alegre.
Conforme levantamento realizado pela Subchefia Estadual de Proteção e Defesa Civil, morreram três homens: dois em São Leopoldo, de 23 e 27 anos, e um em Maquiné, de 69 anos. De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar, há relatos de 11 desaparecidos: dois em Maquiné, sete em Caraá e dois em Três Forquilhas. As buscas são realizadas por todo o efetivo disponível das forças que atuam nos municípios. No total, 33 municípios foram atingidos, havendo 1.780 desabrigados.
O que é um ciclone extratropical?
Primeiramente é preciso lembrar que a atmosfera da Terra exerce uma pressão sobre a superfície do globo. A pressão do ar é maior ao nível do mar e diminui à medida que a altitude sobe, pois quanto mais ar, temos mais peso.
O ciclone extratropical é um sistema de baixa pressão atmosférica que surge fora dos trópicos. É associado às frentes frias e encontrado nas médias e altas latitudes. No Hemisfério Sul, os ciclones giram no sentido dos ponteiros dos relógios, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec).
O ciclone que atingiu o sul do país - associado a uma frente fria - formou-se no Oceano Atlântico no decorrer da semana. A área de baixa pressão nos médios e altos níveis da atmosfera potencializou a formação do ciclone em terra, transportando a umidade do oceano para o continente.
Segundo o meteorologista Bruno Bainy, do Centro de Pesquisas Meteorológicas da Unicamp, são três tipos de ciclones:
Tropicais: também conhecidos como furacões ou tufões, eles se formam em regiões equatoriais, sobre os oceanos, e retiram sua energia do calor extraído dos mares;
Extratropicais: se formam preferencialmente em latitudes médias, e são formados pelo contraste de temperaturas de diferentes massas de ar (quente e fria);
Subtropicais: possuem características de ambos anteriores. Tipicamente, se formam quando um ciclone extratropical se desenvolve sobre o oceano, e encontra temperaturas na superfície do mar mais aquecidas.
Cesar Soares, meteorologista da Climatempo, diz que, apesar de o nome assustar, os ciclones são mais comuns do que imaginamos e se formam no Atlântico Sul semanalmente, principalmente entre o Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina, porém é mais comum que eles ocorram mais próximo ao Polo Sul sem representar risco para o continente.