O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, afirmou nesta terça-feira (20/5) que é "justo" oferecer alternativas de repactuação das dívidas dos produtores gaúchos após os prejuízos financeiros acumulados nos últimos anos por eventos climáticos. Ele salientou que a União não pode ficar "inerte" diante dessa situação e que o setor agropecuário do Estado precisa de uma política de assistência para retomar a capacidade produtiva nas próximas safras.
"O produtor gaúcho está sofrendo muito para conseguir cumprir com os seus compromissos. É fundamental que a União olhe para essa situação. A própria União reconhece, nos dados do Ministério da Integração, que nenhum Estado brasileiro perdeu tanto economicamente como o Rio Grande do Sul, por questões climáticas", disse Leite a jornalistas na entrada do Ministério da Agricultura, em Brasília. Ele se reúne neste momento com o ministro Carlos Fávaro para tratar do tema.
"É justo que se faça em favor do Rio Grande do Sul e desses produtores que estão, especialmente, em dificuldades de arcar com os seus compromissos dos financiamentos que obtiveram nos últimos anos para as suas lavouras, que ofereçam alternativas de alongamento dessa dívida, de securitização ou do instrumento que for possível ser construído", acrescentou.
Dados divulgados pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) recentemente apontam perdas superiores a R$ 100 bilhões no valor bruto da produção agropecuária gaúcha entre 2020 e 2024 por conta do clima.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) deverá aprovar na próxima quinta-feira (22/5) a resolução que autoriza a prorrogação de parcelas com vencimento em 2025. Deverá ser permitido o alongamento de até 8% do saldo da carteira de todas as instituições financeiras em operações de custeio para pequenos, médios e grandes produtores gaúchos por até três anos. No caso dos investimentos, a prestação deste ano poderá ser jogada para o fim do contrato. O Banrisul, que tem atuação concentrada no Rio Grande do Sul, terá um percentual maior autorizado para renegociação.
O custo dessa medida é estimado em R$ 358 milhões. Desses, cerca de R$ 116 milhões precisam ser pagos ainda em 2025. O governo demorou encontrar espaço no Orçamento para autorizar essa prorrogação. O valor precisará ser reduzido da verba reservada para o Plano Safra em curso, possivelmente do crédito extraordinário aberto em fevereiro para a retomada de financiamentos equalizados que haviam sido interrompidos por limitação orçamentária.
Leite também cobrou ações para estimular investimentos em irrigação e manejo do solo, "fundamentais" para o ambiente climático atual, disse. "Para a gente poder ter melhor produtividade, tem que colocar irrigação, tem que fazer manejo do solo. Isso custa dinheiro. Sem conseguir crédito nos bancos, por conta das suas dívidas, é fundamental que se crie uma alternativa", apontou.
As informações são do site Globo Rural