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Economia

Pesquisa da Fiergs mostra que falta de trabalhador qualificado afeta 85,5% das indústrias no RS

Pesquisa da Fiergs mostra que falta de trabalhador qualificado afeta 85,5% das indústrias no RS
Foto: Lucas Machado/Fiergs
  • 19/09/2025 - 16:37
  • Atualizado 19/09/2025 - 16:37

A falta de profissional qualificado para trabalhar na indústria do Rio Grande do Sul atinge resultado recorde, prejudicando 85,5% das empresas. É o maior índice já registrado pela pesquisa Sondagem Especial, realizada pelo Sistema Fiergs, em julho, divulgada nesta sexta-feira (19) e apresentada pelo economista-chefe da entidade, Giovani Baggio, no CongregarRH 2025, que ocorre na PUCRS. O percentual supera em 10,9 pontos os 74,6% do ano de 2013, que era a maior marca até agora.

“É uma dificuldade que afeta a indústria sem distinção, e mesmo com a qualificação que buscamos para o trabalhador por meio do Senai, do Sesi, ou até mesmo por capacitações internas realizadas pelas empresas, não consegue superar a demanda exigida”, diz o presidente do Sistema Fiergs, Claudio Bier.

Também por isso, salienta, a sua gestão tem como um dos pilares a retenção de talentos, para que as indústrias gaúchas não percam profissionais qualificados para outros setores da economia ou até mesmo outros estados.

Para enfrentar os desafios referentes à falta de trabalhador qualificado para atuar na indústria, o Sistema Fiergs investe em iniciativas que começam a dar resultados. A entidade está finalizando o portal Oportunidades na Indústria, aproximando trabalhadores de vagas nas indústrias gaúchas. Há também o projeto Mais Soldado Cidadão, que prevê qualificar, até 2027, 10 mil jovens que realizam o serviço militar no Exército. Já o programa Indústria Acolhedora promove a qualificação e a empregabilidade de migrantes em ações de parceria com indústrias.

Investir em inovação é outra frente na busca de solução de profissionais qualificados. O Indústria do Amanhã, parceria com o Instituto Caldeira, inclui as indústrias em um ambiente pautado pela inovação. Outra ação é o Balcão de Inovação, que aproxima as indústrias, principalmente pequenas e médias, para acessar recursos, especialistas e soluções que acelerem a inovação. Na área da educação, investimentos são realizados com as novas escolas do Sesi em Novo Hamburgo, Bento Gonçalves e Caxias do Sul, e nas unidades do Senai, com ampliações e modernização de cursos e equipamentos.

A falta de trabalhador é um problema ainda mais severo em médias e grandes empresas, nas quais os percentuais apontados pela pesquisa são de 87,1% e 88,5%, respectivamente. Nas empresas de pequeno porte, a escassez atinge 79,6%. Ainda, de acordo com o levantamento, a carência é crítica na área de produção: 94% têm dificuldade para contratar operadores e 89%, para encontrar técnicos.

Na visão dos empresários consultados, a escassez de profissionais qualificados este ano se deve principalmente aos benefícios sociais distribuídos pelo governo. Esse fator foi apontado por 61,1% dos entrevistados. A segunda causa mais citada, com 51,9% das respostas, é o baixo nível de educação da população. Em seguida, aparecem o desinteresse dos trabalhadores pelo setor industrial (48,1%) e o crescimento do trabalho autônomo e informal (44,4%), como aplicativos de transporte e empreendedorismo. Para 29,6% das empresas, a concorrência salarial com outros setores da economia também contribui.
 
Esta falta de mão de obra qualificada gera uma série de impactos. O principal deles, de acordo com 67,6% das empresas, é o prejuízo na busca por eficiência e produtividade, o que, na prática, afeta a qualidade dos produtos, problema reportado por 61,4% delas. Além disso, a carência de trabalhadores restringe a capacidade de aumentar a produção para 51% das empresas.

Diante desse cenário, 94,5% das indústrias do RS adotam medidas para lidar com a escassez de profissionais. O principal mecanismo, utilizado por 81% delas, é a capacitação interna. Também investem no fortalecimento da política de retenção de talentos, com salários e benefícios, procedimento utilizado por 53,3% das empresas, além da capacitação externa por meio de cursos, adotada por 37,2%.

A pesquisa consultou 176 empresas (indústria de transformação e construção), sendo 49 pequenas, 63 médias e 64 grandes, entre os dias 1º e 10 de julho.
Acompanhe o resultado completo no Observatório da Indústria: https://observatoriodaindustriars.org.br/inteligencia-estrategica/falta-de-trabalhador-qualificado-afeta-855-das-industrias-gauchas/.