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com PAULO MARQUES - Jornalista Reg. Prof. MTE-16408

Agricultura

Comitê do Plano ABC+ RS se reúne para debater desafios climáticos e produção sustentável

Comitê do Plano ABC+ RS se reúne para debater desafios climáticos e produção sustentável
  • 09/07/2025 - 20:53

Os integrantes do Comitê Gestor Estadual do Plano ABC+ RS se reuniram na terça-feira (08/07) de forma online. A agenda teve como pauta "a crise climática exige uma nova abordagem no RS", centrada na valorização do uso do solo para reduzir emissões e promover a inclusão.

O coordenador do Comitê Gestor, engenheiro florestal da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Jackson Brilhante, falou sobre a calculadora ABC que o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), junto com o Instituto 17 (organização que trabalha com desenvolvimento sustentável), está desenvolvendo para promover o treinamento sobre o manejo de resíduos da produção animal, uma das tecnologias do Plano ABC. “Vamos ser o nono Estado a utilizar o aplicativo, que vai calcular a quantidade de resíduos da produção animal, do que está sendo manejado com potencial de mitigação de metano. Uma ferramenta que será utilizada em todos os estados brasileiros”. Brilhante também pontuou sobre créditos de carbono e seus benefícios, um dos temas da reunião.

O professor do curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Jorge Antonio de Farias, destacou que o sistema silvipastoril precisa de inovação e inclusão na prática, como produção de biomassa, pecuária e certificação agroflorestal, com serviços ambientais possíveis para a agricultura. Lembrou que “na silvicultura, para cada hectare produzido em florestas plantadas, há um hectare de floresta conservada, de floresta nativa”, avalia.

Para o pesquisador da UFSM, reconhecer o potencial das florestas comerciais é investir em retorno econômico para o produtor rural, mitigando ações climáticas na natureza, construindo sistemáticas de credibilidade para comercialização dos créditos de carbono. Farias explicou que o desafio é unir rentabilidade de acordo com a dinâmica das matrizes produtivas, ou seja, com o tamanho de cada propriedade, para que a produção de florestas seja um negócio viável e possível.

Sobre a comercialização dos créditos de carbono, a diretora do Departamento de Projetos do Brasil Carbono Florestal, Débora Pasa, informou que há potencial para a geração de projetos de créditos de carbono e de preservação florestal em propriedades rurais no RS. A diretora apresentou os instrumentos disponíveis para a inserção dessas propriedades no mercado de carbono, como o pagamento por serviços ambientais, a CPR Verde, os mercados regulado e voluntário de carbono, além de destacar a importância da agenda climática, incluindo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e os critérios Ambiental, Social e Governança (ESG).

A diretora do Brasil Carbono Florestal também compartilhou um case: uma propriedade rural que integra um projeto maior, envolvendo 181 propriedades que participaram de um projeto de conservação florestal. Essas propriedades estão distribuídas pelos biomas Pampa, Mata Atlântica, Cerrado e Amazônia. Na primeira etapa do projeto, o produtor recebe pela preservação da floresta. O projeto está vinculado a uma segunda etapa, ainda em desenvolvimento, voltada à geração de créditos de carbono por meio do reflorestamento. Esse tipo de estruturação viabiliza o financiamento de atividades efetivamente voltadas à economia de baixo carbono nas propriedades rurais, gerando renda para os produtores.

Pasa ressaltou que as metodologias e certificações adotadas devem estar alinhadas à realidade brasileira e que é necessário implementar medidas que possibilitem, de forma efetiva, o financiamento climático.

Os integrantes do comitê observam que o desafio do capital-retorno-comercialização e conservação de florestas, proteção de Áreas de Preservação Permanentes (APPs) e sistemas que estudam integrar a viabilidade econômica da produção florestal dependem tanto de políticas públicas quanto de investimentos da iniciativa privada.

O comitê apontou que o grande desafio do setor está na viabilização de projetos e na disponibilização de recursos para que se tenha uma silvicultura dinâmica para mitigar as emissões de poluentes e também agregar renda à propriedade rural.

Participaram da reunião representantes da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Banco do Brasil, Banrisul, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Embrapa Clima Temperado, Embrapa Uva e Vinho, Empresa Brasil Carbono Florestal, Emater/RS-Ascar, Federação da Agricultura do Estado do RS (Farsul), Federação dos Clubes de Integração e Troca de Experiências (Federacite), Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS (Fetag-RS), Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Rede Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), secretaria de Meio Ambiente (Sema), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS), Unipampa e UFSM.

Por Fabrízio Fernández - Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação