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Agricultura

Endividamento fez crédito rural a agricultor familiar cair 30% no RS, diz Fetag

Endividamento fez crédito rural a agricultor familiar cair 30% no RS, diz Fetag
Foto: Governo do RS/Arquivo
  • 03/12/2025 - 00:00

De janeiro a novembro deste ano, os pequenos produtores do Rio Grande do Sul tomaram R$ 5,78 bilhões em crédito rural por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). O montante é 29,8% menor do que o do ano passado, quando os desembolsos chegaram a R$ 7,96 bilhões.

O declínio, expressivo, foi consequência direta da crise de endividamento dos produtores rurais, segundo a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), que apresentou nesta terça-feira (2/12) dados sobre a situação financeira dos pequenos produtores do Estado. Os problemas climáticos que o Rio Grande do Sul enfrentou nos últimos anos e a queda dos preços dos grãos acentuaram as limitações de a acesso a crédito e seguro rural.

“As famílias estão procurando menos crédito, porque estão com dificuldade para liquidar dívidas anteriores”, disse Kaliton Prestes, secretário-executivo da Fetag-RS. Segundo relatos de agentes financeiros à entidade, no Rio Grande do Sul, apenas 30% das carteiras foram atendidas pela Medida Provisória (MP) 1314/25, que autorizou o uso de superávit financeiro do Ministério da Fazenda, no limite de R$ 12 bilhões, para linhas de crédito rural subsidiado.

As dificuldades financeiras dos produtores também aparecem nos resultados do seguro rural. De acordo com a Fetag-RS, até 2023, o Proagro, programa de seguro rural obrigatório para quem contrata financiamento de custeio via Pronaf, cobria entre 17% e 19% da área de produção agropecuária no Rio Grande do Sul, de 22 milhões de hectares. Em 2025, esse índice caiu para 8,8%.

No caso do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), destinado ao produtor que contrata seguro privado, a retração foi ainda mais intensa. Em 2025, o PSR cobre apenas 1,88% das lavouras e pastagens do Estado. Para efeito de comparação, na safra 2020/21, o programa cobriu 20% da área.

“Os agricultores estão migrando para sistemas de troca em empresas e cerealistas, ou usando recursos próprios, sem proteção do seguro. Ou seja, estamos regredindo. No momento em que temos mais problemas climáticos, quando o produtor precisa de mais auxílio, estamos deixando esse produtor sozinho, com ainda mais risco”, afirmou o presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva.

Para a entidade, uma das principais razões para o pouco alcance do PSR é o contingenciamento do valor destinado ao programa. “Temos relatos de agricultores recebendo os boletos das seguradoras, cobrando os valores que deveriam ter sido pagos pelo governo federal e não foram. Então temos uma situação em que o produtor não tem mais crédito nas instituições financeiras, mas precisa cobrir a parte do seguro que era responsabilidade governamental”, disse Eugênio Zanetti, vice-presidente da Fetag-RS.

As informações são do site Globo Rural